A live para matar!
- Eduardo Garcia

- 2 de mai.
- 2 min de leitura

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, no domingo de páscoa, três pessoas que planejavam assassinar um morador de rua e transmitir o crime ao vivo pelo Discord. O grupo já era investigado por maus-tratos a animais, incitação à violência e crimes de ódio na internet. O ataque estava programado para coincidir com o aniversário de Adolf Hitler, revelando uma motivação ideológica perversa.
O caso evidencia traços profundos de psicopatia e sadismo. A ideia de planejar um homicídio, executar a ação em grupo e ainda exibir o ato em tempo real, por dinheiro e validação social, não aponta apenas para delinquência — aponta para uma mente que se organiza em torno do gozo com o sofrimento alheio, da ausência total de empatia e da perversão como vínculo com o outro.
Estamos diante de sujeitos que não apenas anulam a dignidade humana da vítima, mas transformam o ato de matar em espetáculo — o que, do ponto de vista clínico, indica um funcionamento psíquico desprovido de culpa, vergonha ou responsabilidade.
O grupo ainda operava em um ambiente digital que favorece reforço entre pares, desinibição comportamental e dessensibilização afetiva. A internet, nesse contexto, não é a origem da violência, mas um catalisador que permite que ela se manifeste de forma mais livre, anônima e organizada.
Sinais clínicos em destaque:
Despersonalização da vítima (reduzida a "conteúdo");
Transtornos de conduta desde a adolescência;
Padrões persistentes de comportamento antissocial;
Uso instrumental da violência como forma de excitação, poder e lucro.
É urgente que a psicologia, a educação e o sistema de justiça olhem com atenção para essa nova forma de criminalidade associada à era digital, onde o prazer doentio de agredir encontra audiência, estímulo e lucro.
A sociedade não pode normalizar o crime como performance.




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